domingo, 9 de novembro de 2008

Post mortem

Resolvi colocar meu nome no google para ver no que dava. Lógico, no topo da página estava esse blog. Nenhum admirador secreto com tendências psicopatas... que decepção!

Comecei a ler os posts do ano passado. É um trabalho de história. O melhor trabalho que já fiz. O que deu mais trabalho. O que me trouxe as melhores conclusões... Como alguém já disse: "O único lugar em que sucesso vem antes de trabalho é o dicionário".

E agora, aqui estou, a menos de dois meses do vestibular. Minha mãe não pára de dizer para eu estudar. E tudo o que eu consigo pensar é em como minha vida está vazia.

Não estou na moda, não vejo House, não sei dançar funk (embora não pareça muito difícil, se balançar bem qualquer coisa entre as coxas e o pescoço você está apta), não tenho ficantes, não sei fazer maquiagem (sei enfiar o aplicador de rímel no olho. Não tentem imitar, dói muito). Nem tenho um cachorro!

Tenho, sim, convicções muuito abaladas. Demais. É aquela coisa: você vai crescendo e vai conhecendo o mundo, vai vendo os podres por trás de todos aqueles anúncios maravilhosos de residenciais com SPA, uma extensa área verde onde seus filhos podem brincar enquanto você relaxa na piscina ou curte uma massagem ou passa momentos maravilhosos com seus amigos no espaço gourmet.

Tô falando da guria de 11 anos que pega um livro de ficção-histórica efica aterrorizada com o que era a Idade Média. A de verdade. Cadê a princesa perfeita e o príncipe gostoso? Acorda, ninguém tomava banho naquela época! Fico admirada de pensar como é que conseguiram ter filhos. Mas tiveram. Parêntesis

Às vezes eu olho para trás e fico impressionada com a minha ingenuidade. Pensar que a guerra, nessa época, consistia em soldados (bem-treinados e com pelo menos 15 anos) que se encontravam num campo de batalha demarcado. Os vencedores anexavam a região e iam embora, ou então ficavam e se mesclavam harmoniosamente à região conquistada. Quando comecei a ler a respeito é que entendi, de verdade, o que é uma guerra. O que é um estupro. E morri de raiva dos homens, esses bárbaros que não entendem a paz. É claro que estava me referindo só ao sexo masculino.

Virei feminista radical com 13 anos. Até que aconteceu uma coisa. Não, eu não me apaixonei. Uma amiga minha, que, sem querer ofender, sempre pensei que fosse muito criança, me disse algo muito além da minha suposta sabedoria. Ela disse que sim, houve muita injustiça com as mulheres e continua havendo. Mas nem todos os homens são machistas ou aproveitadores.

Nem anjo, nem monstro. É com isso que eu conto quando vou dormir, todas as noites. Bom, eu sei de uma coisa agora: prefiro Rousseau a Hobbes.

Parêntese 1: Por que filmes tem classificação por faixa etária e livros não?
Parêntese 2: Adoro essa pintura. As duas irmãs, de Renoir (1889)

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